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Relembrando o final da primeira parte, voltamos para a Perinatal na madrugada de sábado dia 22 para domingo dia 23. Esqueci de contar na primeira parte do relato que quando cheguei à maternidade pela segunda vez, fui novamente fazer o exame para saber quanto de dilatação eu estava e estava com 2 cm. Nossa!!! E eu já estava sentindo dor... Achava que já poderia estar com uns 4, pelo menos!
A enfermeira do 5º andar, já que fiquei no quarto 511, me viu com contração e falou que elas, (as contrações!!) estavam ótimas e me sugeriu DEITAR ( há há há) do lado esquerdo. Só não falei que ela estava louca porque realmente ela estava com boas intenções. Imagina ficar imóvel com contração! E a orientação que eu tinha era de caminhar e agachar, nunca ficar parada.
Quando a minha doula, a Ingrid, chegou por volta das 4h da manhã, eu estava no chuveiro quente (para quem quiser saber melhor o que é uma doula: www.doulas.com.br) e eu digo para todo mundo que graças a Deus que ela estava lá; com calma, técnica e simpatia. Chegou toda equipada, diminuiu a luz do quarto, encheu a bola suíça, tirou um óleo da bolsa e começou a fazer uma milagrosa massagem na minha coluna lombar, falando baixinho e mansamente. Eu não poderia nunca imaginar como algo tão simples daria tanto resultado e me acalmei na mesma hora.
Minutos depois chegou Dr. Mário, ele abriu a porta abruptamente e quando viu a doula, relaxou porque eu já estava sendo atendida. Lá fui eu para um novo exame de toque para saber a quantas andavam a bendita e até aquele momento temida dilatação... E qual foi a minha surpresa quando 1h depois de ter chegado à maternidade, a dilatação pulou de 2 cm para 4cm!!! Vi o sorriso do médico e um gritinho da doula de alegria. Também sorri e fiquei muito mais confiante. Logo depois estaria descendo para a famosa SALA DE PARTO HUMANIZADO da Perinatal.
E lá fomos nós todos, eu andando beeeeeeem devagar. Nessa hora, eu estava tão concentrada na contração que ainda não tinha caído a ficha que minha filha ia nascer!!! Entramos, eu e Ingrid na sala onde temos que trocar de roupa e vestir aquelas maravilhosas camisolas ventiladas na parte de trás (hehehe) e colocar a touca na cabeça e calçar os sapatinhos que acho eu, também servem de touca...
Eu estava achando ótimo, a maternidade era toda só para mim, não havia mais ninguém em trabalho de parto. Também! Era a madrugada de sábado para domingo e ninguém marca cesárea em um domingo, dia da votação do Referendo sobre armas de fogo, de madrugada. Eu estava em uma maternidade particular, considerada a melhor do Rio de Janeiro e, além disso, em um país que é o primeiro no ranking de cesáreas do mundo... Mas... Para a minha sorte, na tal maternidade particular, há uma sala de parto com uma CADEIRA DE CÓCORAS!!!! Claro que eu não ia ficar na posição horizontal! Quanto mais vertical melhor para ajudar a descida do bebê com a gravidade, afinal, a posição horizontal só é boa para o médico.
O mais engraçado foi a cara de curiosidade da enfermeira do setor quando viu a Ingrid enchendo de novo a bola suíça... A moça olhava com os olhos compriiiiiidos, disfarçava, olhava de novo... Aí depois de entrar e sair várias vezes da sala, ela não se conteve e perguntou para que servia aquilo. Depois foi a mesma coisa quando a Ingrid pegou a bolsa térmica e pediu água quente. Ficávamos eu e Ingrid trocando olhares e achando muito engraçado a falta de informação da enfermeira. Infelizmente, a maioria dos profissionais são só muito técnicos e quando chega alguém para ajudar na humanização do momento, acham esquisito.
E como era a sala de parto humanizada? Bem, era realmente bem diferente de uma sala de parto hospitalar comum. Tanto que eu perguntei se na hora do nascimento, mudaríamos de sala. Lembro da resposta da Ingrid: “Não, você vai ter seu bebê aqui.”; Nesse momento, a ficha estava começando a cair. Eu teria meu bebê, estava prestes a ter um bebê... Meu Deus do Céu! A sala é pintada com cores pastéis e é decorada de forma que parece um quarto de hotel, tem uma cama que não parece em nada uma cama de hospital e que apertando um botão aqui e outro ali, vira uma cadeira de cócoras. Além disso, tudo, no banheiro tem uma banheira de hidromassagem onde muitas mulheres tiveram seu parto na água. Que pena que não deu tempo de aproveitar a banheira... No quarto também tem um som para colocarmos música ambiente que eu também não pensei nisso e acho que como eu estava, acho que eu ia era xingar a música e mandar desligar!!! É tão diferente que quando minha cunhada entrou na sala, ela falou rindo: “que ‘salinha’ é essa?”.
O Sergio aprendeu com fazer a massagem na lombar que aliviava a dor e era muito bom porque ele tinha muito mais força do que a Ingrid. A massagem era bem onde doía. Confesso que tinha momentos que a contração era mais tranqüila e outras que Deus me livre! Nesse momento, eu estava sentada na minha amiga bola suíça com os dois, Sergio e Ingrid sentados no chão atrás de mim. Quando vinha uma contração forte e o Sergio não fazia a massagem direito, eu começava a xingar ele: “Não é aíííí!!!!! Mas que droga, não sabe fazer nada direito!!!!”; percebi um silêncio atrás de mim, era a Ingrid gesticulando e fazendo sinal com as mãos para o Sergio, dizendo pra ele “deixar para lá, que era assim mesmo”, ou seja, as grávidas em trabalho de parto xingam até a quinta geração seus amados maridinhos.
A Ingrid dizia que eu era uma “grávida religiosa” porque quando vinha uma contração forte, eu ficava repetindo: “Jesus, Jesus, Jesus”, ás vezes era: “Meu Deus, Meu Deus, Meu Deus” e também tinha horas que era: “Misericórdia, misericórdia, misericórdia”, heheheheheheehe.
Algumas vezes a contração vinha tão forte que eu fechava os olhos e dizia “não, não, não...”. E a Ingrid falava: “Não Edwiges, é SIM!!” Aí eu trocava para “Sim, sim, sim...” hehehehe
Bem, só sei que nessas horas já devia ser umas 6h da manhã quando o meu obstetra veio fazer um novo exame de toque. Eu já estava com quase 6 de dilatação e agora. Estávamos todos animados em ver como a dilatação estava acontecendo tão bem, havia passado da metade, faltava pouco. Como sempre fui a favor da analgesia no parto, eu perguntei para o médico quando poderia tomar a anestesia, afinal eu estava com dor forte desde as 23h do sábado e já era 6h da manhã do domingo. O Dr. Mário me olhou e falou que já dava para tomar a anestesia e foi música para meus ouvidos escutar ele falar para a enfermeira: “Chama lá o Norival”. O Dr. Norival foi meu anestesista e pai de um grande amigo, o Pedro.
Quando chegou o anestesista, eu perguntei logo pelo Pedro e me apresentei como amiga do filho dele, afinal estava esperando-o para assistir o parto também. Quando o Dr. Norival falou que ia telefonar para o Pedro para avisar-lo que eu estava já na sala de parto, eu falei na mesma hora: “Tudo bem, mas o senhor vai primeiro me dar a anestesia, tá???” Nem preciso dizer que todo mundo caiu na gargalhada.
Bem, tomar a anestesia não é nada agradável, parece que a gente enfia o dedo na tomada e toma um choque. A sensação foi exatamente essa. Mas, logo depois, a sensação é a melhor do mundo, quando a dor não é mais sentida. Conversei com o obstetra que a dor da contração era muito forte, mas não era desesperadora como pintam por aí. Sinceramente, falo com todas as letras: DÓI, mas nada que não seja totalmente suportável. O médico falou que eu era bem resistente a dor. Fiquei assim, literalmente no céu, um bom tempo, papeando, jogando conversa fora com o Sergio, a doula e o anestesista, falando de mil coisas, rindo e falando de planos de telefonia celular, ninguém merece!! Marido que trabalha na Oi fala nisso até quando a filha está prestes a nascer...
Quando estávamos assim, no maior papo, chegou a minha cunhada Sheyla, médica pediatra. Ela entrou, olhou para a sala de parto humanizada e quando viu tudo bonitinho e pintadinho falou rindo, como já falei: “Gente, que ‘salinha’ é essa?” Logo depois dela, chegou o Pedro, nosso amigo, médico e filho do anestesista. Deve ter vindo correndo de casa depois que o pai ligou para ele. Assim, havia uma platéia para assistir o parto da Maria Clara, além da equipe médica que também era muito grande. Minha cunhada e o Pedro em nada atrapalharam, mas se eu pudesse voltar atrás, teria expulsado aquela equipe médica enorme da sala, porque era muita gente olhando para a minha cara e isso não foi nada bom.
Novo exame de toque!!!! 8 cm de dilatação!!! Muito perto!!! Nesse momento, havia um entra e sai de enfermeiras, o que eu hoje, vejo como um ponto muito negativo e eu não queria que tivesse sido assim, como outras coisas que não gostei e vou contar. Depois do exame, o médico pegou uma comadre e veio com uma espátula enooorme que ia afinando na ponta. Eu na mesma hora percebi o que ele ia fazer e vi o Sergio me olhando com uma interrogação estampada no rosto. O que ele ia fazer? Falei para o Sergio que o médico ia estourar a bolsa que até aquele momento não havia rompido. Estava sendo um trabalho de parto perfeito até aquele momento, nada de soro com ocitocina na veia, o que aumenta as contrações deixando-as insuportáveis quando não se toma anestesia e também a contração é muito mais forte quando a bolsa rompe no início do TP, o que não foi o meu caso.
Quando o médico rompeu a bolsa, quase não saiu água porque a Maria Clara estava bem encaixadinha. Faltava muito pouco para se completar a dilatação, o médico toda hora monitorava o coraçãozinho da Clarinha e a expectativa era grande. Até esse momento eu estava ainda muito calma. Minha cunhada falava: “Vamos Maria Clara! Sai logo daí” e o médico brincava falando que ele ainda teria que votar naquele dia, porque era o dia do Referendo sobre as armas de fogo.
Quando a dilatação chegou a 10 cm, dilatação total e completa começaram a arrumar o local, e a tal cama onde eu estava confortavelmente deitada se transformou em uma cadeira de cócoras. Trouxeram aquela caminha onde a pediatra examina o bebê pela primeira vez, quando ele nasce e ascenderam uma luz super forte na minha frente, era um holofote aquilo! Olhei desesperada para a Ingrid, eu não queria luz forte em cima da minha filha quando ela nascesse, imediatamente, a Ingrid falou com o médico e ele mandou a enfermeira desligar o “holofote”. As enfermeiras que estavam ali eram curiosas, uma delas era muito simpática e saiu correndo para chamar o médico quando falei que estava incomodada com vontade de fazer força para baixo. Era a Maria Clara muito perto de clarear.
Toda a equipe se preparou, o obstetra, o anestesista, o médico auxiliar, o instrumentador, a pediatra (esperando sentada porque poderia demorar, como demorou), as enfermeiras, a doula de frente para mim, Sergio do meu lado, Pedro super discreto na porta do banheiro e minha cunhada encostada na parede atrás de mim. Lembro de tudo mesmo!!!! Nesse momento, me deu pela primeira vez um frio na barriga, aí eu fiquei um pouco nervosa e comecei a mexer no meu cabelo, de um lado para o outro... Sim, havia realmente uma platéia. O médico e eu começamos a ensaiar como se fazia força, ele dizia que teria que ser uma “força comprida”. Entendi e comecei a treinar, acertei em cheio como fazia; recebi um elogio dele, disse que eu era boa para fazer força. É engraçado isso, aprender como se faz força porque assim, evita gastar energia à toa. E energia é o que mais precisamos nessa hora. Ainda mais eu, que estava 24h acordada e quase 12h em trabalho de parto (7h com contração forte).
Vi o Pedro atender o celular! Mal sabia eu, que a Geisi, minha amiga enfermeira, estava se aventurando para tentar entrar na sala de parto, dando uma de 007. Ela conseguiu entrar escondido na sala de vestimentas da Perinatal, trocou de roupa, colocou a roupa do centro cirúrgico, tudo escondido!!! Ainda conseguiu uma chave e guardou as coisas dela em um dos armários... Sem nenhuma enfermeira de lá ver. Quando ela estava pronta, telefonou para o Pedro perguntando onde estávamos, falando bem baixinho para não ser descoberta. Depois me contou que o Pedro respondeu: “Onde você está sua maluca?” e ele foi ao encontro dela, mas infelizmente, ela foi barrada por uma enfermeira que chegou bem na hora... Mas voltou para o berçário e presenciou a chegada da Clarinha lá e até eu queria estar lá também, ihihihihi, porque foi emocionante.
Enquanto isso, os emails pipocavam na internet nas duas listas que eu participo: PUR-RJ, onde sou vice-coordenadora estadual e Esposas Chics. A expectativa do nascimento da Maria Clara era enorme.
Começamos o expulsivo de fato, eu não sentia a dor da contração e nem a contração. Dr. Norival colocava as mãos na minha barriga e dizia quando eu precisava fazer a tal força comprida. Eu precisava fazer a força junto com a contração, havia uma barra de ferro na minha frente. Era muito bom, além de eu estar bem sentada e confortável, bem vertical, eu ainda tinha essa barra para me segurar e ir mais para frente. Fiquei imaginando como seria fazer força com dor da contração ao mesmo tempo... Eu não tenho noção do tempo que ficamos nessas tentativas. Lá pelo meio do tempo em que ficamos no expulsivo, eu senti muita sede e pedi água, na verdade perguntei se poderia beber água. Eu esqueci que aquela proibição em relação a se alimentar em TP não existia para mim. Meu médico me liberou para comer e falou até para eu levar um chocolatinho, o que eu nem me lembrei, poderia ter me ajudado muito. Quando pedi a água, imediatamente o médico falou: “Não quer um cafezinho?” e o outro: “Um refrigerante?”; senti-me tão paparicada... hehehe... Preferi a água mesmo e o Dr. Norival me deu na boca!
Só sei que à medida que o tempo passava e a Maria Clara não nascia, os sorrisos foram se apagando, aquela alegria de que estava tudo “redondinho” foi diminuindo e eu mesma estava começando a me sentir meio impotente. O Sergio, do meu lado, me dava a maior força, quando eu o olhava entre uma tentativa e outra, via que se ele pudesse trocava de lugar comigo. O clima começou a ficar tenso, havia uma enfermeira que me olhava com uma cara que traduzia: “até quando ela vai resistir?” Só quem me olhava sorrindo e fazendo sinal de que eu estava indo bem foi a Ingrid, minha doula “forever”. Eu a olhava com sede de informação de como estava o expulsivo e ela sorria e fazia sinal de tudo bem com as mãos. Claro que não estava tudo tão bem, mas ela me deu força e incentivou até o final.
Nesse momento, eu pensei em muitas coisas, pensei em Nossa Senhora sem anestesia, dentro de uma gruta cheia de animais, tendo o Menino Jesus; pensei em minha avó materna Edwiges que não conheci e que teve seus filhos em casa, no interior do CE. A sensação foi de união com toda a natureza, com todas as mulheres do mundo, com todas as minhas ancestrais. Foi um momento mágico onde é difícil traduzir a experiência maravilhosa do parto normal e como é enriquecedor vivê-lo, como fortalece e como nos leva lá no fundo da nossa essência feminina.
Mas, a Clarinha não se mexia... Ela estava em uma posição considerada difícil, mas que não anula em nada a possibilidade de nascer de parto normal, ela estava posterior e com dorso à direita. O anestesista tentou ajudar com a Manobra de Kristeller, onde outra pessoa empurra a barriga com o antebraço e junto com a contração, se faz a força. Caramba!! Não foi nada agradável... Mas, o obstetra falou: “o bebê nem se mexeu”. O outro médico tentou ajudar, ele era bem maior e mais forte, eu pensei: “esse cara vai me quebrar”, fizeram várias tentativas com a Manobra de Kristeller e eu me esforcei ao máximo, mas a Clarinha não saía do lugar de jeito nenhum. A Ingrid chamou o Sergio para ver o cabelinho dela que já dava para ver lá de dentro. Foi uma pena, porque um pouquinho mais só, ela nasceria... Mas ela não se mexia! Realmente, eu não tenho noção do tempo que tentamos. Lembro do Dr. Mário falando para mim: “Edwiges, nós vamos tentar mais uma vez, se ela não nascer, vamos fazer cesárea. Não vamos arriscar, o bebê pode estar sofrendo.”. O meu sonho era o parto normal, mas naquela hora, eu não me importei e até dei Graças a Deus. A Ingrid ainda tentou opinar sobre alguma posição, mas o médico não quis tentar e eu estava tão cansada que a escutei falando; “Força, Edwiges...”, mas queria mesmo era ir para a cesárea, para mim que estava muito casada, não fazia diferença mais, queria que a minha filha nascesse. Eu realmente estava esgotada, sem dormir, tinha chegado ao meu limite. Falei para o médico: “Eu fiz o que pude”, não vou esquecer da resposta dele: “Você fez muito mais do que pode!”.
Tentamos mais um pouco e como a Maria Clara continuou imóvel, foi preparado o centro cirúrgico. Fui levada para lá, anestesiada mais um pouco, levantaram aquele pano azul na minha frente, colocaram a caminha onde examinariam a Clarinha pela primeira vez do meu lado. Estavam comigo o Sergio, o Pedro com a máquina fotográfica e a Ingrid. Lembro dela falando para mim: “Agora é rapidinho, em 5 minutos, ela vai estar aqui”.
O Sergio depois me contou que o obstetra com uma pinça puxou minha barriga até em cima para ver se a anestesia estava agindo e me perguntou: “Tudo bem, Edwiges?”, e como eu respondi que sim, começaram a cortar. Mal sabia eu que minha barriga estava sendo pinçada e puxada para o alto... Alguns minutinhos se passaram, eu olhava o Sergio espiando por cima do pano azul e escutei quando ele soltou um “haaaaa”, era a Clarinha sendo retirada da minha barriga, escutei um choramingo e logo depois, um chorinho mais forte. Antes de qualquer coisa, a enfermeira trouxe a Maria Clara e a colocou em cima de mim. Eu a achei linda! Ela fazia uns bicos que eu fiquei encantada, não cansava de falar para ela como ela era linda. A Maria Clara chegou chorando e quando escutou minha voz, ela parou de chorar imediatamente e ficou me olhando. Ficamos assim, nos olhando e foi amor à primeira vista, ficamos assim um bom tempo, tiramos fotos, filmamos e ficamos eu, Sergio, Pedro e Ingrid namorando a Maria Clara. Uma enfermeira colocou a pulseirinha de identificação nela e a levou para ser examinada pela pediatra.
O próprio Sergio levou a Maria Clara para o berçário, é um procedimento lindo na Perinatal, eles incentivam o pai a levar o bebê para o berçário. Deve ter sido uma cena maravilhosa que só quem viu foi minha sogra Olga, aos prantos e a Geisi. Elas viram a chegada da Clarinha ao berçário no colo do pai.
Enquanto isso, eu estava sendo “fechada”, hehehe... A equipe me deu os parabéns e fiquei deitada na maca esperando me levarem para o quarto. Quando subi para lá, me esperavam meu pai, meus sogros, a Ingrid, a Geisi e a Lu Maria. Depois o Sergio chegou também, numa alegria só. Aliás, o clima era de muita alegria e eu não estava me importando o fato do meu parto normal ter acabado numa cesárea. Hoje, eu brinco e digo que a Maria Clara nasceu de 95% parto normal e 5%, de cesárea, porque só foi cesárea na hora dela sair mesmo!
Estávamos todos esperando a chegada da nossa estrelinha, do nosso solzinho e um tempinho depois, que não chegou há 1 hora, ela chegou. A Maria Clara saiu dos braços da enfermeira e veio direto para o meu peito e assim foi a sua primeira mamada, orientada pela enfermeira e depois pela Geisi. Claro que ficamos todos completamente hipnotizados por ela. Minha sogra Olga, não saía de perto e ria quando a Clarinha suspirava mamando. Aos poucos foram chegando às primeiras visitas. Confesso que a princípio, eu e Sergio não queríamos que ninguém aparecesse, porque estávamos há um dia sem dormir e exaustos. Mas, conseguimos descansar um pouco antes do pessoal começar a chegar e foi muito gostoso receber todo mundo, só que eu tinha que contar essa história toda, várias vezes. Algumas pessoas quando chegaram, me pegaram chorando, olhando para a Maria Clara.
A única coisa ruim dessa história para mim foi levantar a primeira vez da cama no dia seguinte para tomar banho. Fui ajudada por duas enfermeiras, mas, foi terrível. Eu não conseguia me mover, não conseguia andar e só a tentativa de andar até o banheiro, quase me fez desmaiar. Tive que tomar um banho gelado para não desmaiar de vez. Eu não estava preparada para aquilo e senti muito. Falo para todo mundo que prefiro 10000000 trabalhos de parto a uma cesariana e olha que a minha recuperação foi boa. Da próxima vez, tentarei novamente o parto normal. Agora que sei que não é nenhum bicho de sete cabeças!!! Mas, vou me preparar melhor e fazer algumas coisas diferentes. Uma delas é esperar mais tempo para receber a anestesia, fazer exercícios para o bebê se posicionar melhor, não deixar a sala de parto parecer a arquibancada do Maracanã e lá vou eu começar a ler e estudar sobre VABC (sigla em inglês de parto vaginal após cesárea).
Nossa filha está aqui no meu colo, me fazendo digitar com uma mão só... tudo na minha vida mudou, eu não vivo mais sem ela. Hoje, ela está com 3 meses e já sorri com um SORRISO BANGUELA mais lindo do mundo que deixa a mim e ao pai malucos. Não canso de agradecer a Deus por ela, por ela ser linda, feliz e com saúde. Eu e ela, às vezes, ficamos nos olhando e no olhar dela eu vejo tanto amor!
Bem, aqui termina o relato do nascimento da Maria Clara e começa um relato ainda maior, construído dia após dia.
Para aqueles que queiram ver tudo isso relatado em fotos, mandem um email para mim que eu mando o link.

Filha, estarei com você todos os dias da sua vida, em qualquer situação, em tudo quero estar presente e ser a sua melhor amiga. Amo você demais, minha princesa.

Mamãe


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